Naquela manhã, o chá de todo dia
tinha um sabor especial. A noite passada não foi das melhores, mas o
coraçãozinho daquela garota ainda batia à toda. O senhorzinho vendedor de picolé
passou no horário de sempre. Vivendo o sempre. Cantando como sempre. Porém, o
repertório musical daquele dia, diferente dos outros, simplesmente a fez
sorrir.
Ela esperava a campainha tocar e
o correio trazer aquela caixa de livros comprados a mais de um mês, entretanto tudo
indicava que aquele não seria o dia em questão.
Uma pequena lembrança a abraçou
apertado. O sorriso do seu irmão de coração, o melhor presente que a vida
poderia lhe dar. De repente, fez-se uma discreta lágrima surgir no seu rosto
pálido. Ela mais que depressa a enxugou, quando sua mãe abriu a porta do quarto
avisando que era hora do almoço. Ainda
de pijama sentou-se à mesa. Escutando o vai e vem dos carros, tentou imaginar
como seria a vida dos seus iguais, todos que vivem em pleno conflito com suas
emoções. No entanto, como era de se esperar, nada conseguiu concluir.
Seu dia passou depressa e acabou
sendo ~ NORMAL ~, nada de extraordinário
aconteceu, emoções contraditórias viveu. Apenas esteve onde a rotina a obrigou
estar e acabou sendo o que foi.
por Ranna Botelho
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