domingo, 15 de maio de 2016

Aquilo que esperam da gente



Hoje quando acordei, não senti o cheirinho rotineiro do café quentinho preparado pelo meu pai, nem escutei o barulho estridente da xícara de vidro sobre o mármore da pia. Minha mãe não abriu a porta do meu quarto e disse: "Bom dia!" 

Eu tive medo de abrir os olhos, olhar para o teto branco e as paredes gastas, que só aumentavam aquele vazio que tanto me amedrontava. Eu tive muito medo, mas, enfim, era o que esperavam de mim, uma hora ou outra eu teria de crescer e aprender a caminhar sozinha, sem a mão amiga dos meus pais. 

A gente entra no primário, e no primeiro dia de aula, geralmente, chora a ausência dos pais, naquele ambiente totalmente novo no qual somos inseridos. Uma pessoa estranha que logo chamamos de tia, nos ensina coisas legais, dá carinho e lembrancinhas em datas comemorativas. Tem uma coisa que chamam de recreio, e que é antecedido por uma musiquinha nada simpática falando sobre o "MEU LANCHINHO". Apresentações no dia das mães, fotos nossas caracterizadas de algum personagem, como lembrancinha para os nossos pais no dia deles, e por aí vai...

Chega uma hora que a gente cresce um tiquim, e vai para uma turma um pouquinho maior. As carteiras são mais altas, a tia agora chamamos de professora. Nos aproximamos de pessoas que tem mais haver com a gente e nosso grupo de amigos fica um tanto restrito... E a gente vive o Ensino Fundamental, aprende coisa pra caramba, que vão muito além dos livros didáticos, passa por momentos difíceis e outros mil que nos fazem bem. 

O Ensino Médio, o famoso e tão aguardado Ensino Médio, chega e nos abraça apertado. É tudo muito diferente daquilo que já vivemos. Te prometo dias difíceis, extremamente difíceis. Mas, também te prometo pessoinhas muito especiais e momentos inesquecíveis.

Nosso tempo de colégio acaba e esperam alguma atitude nossa, seja trabalhar, entrar na faculdade, fazer um cursinho, curso técnico, sei lá, alguma coisa. Querem nos ver caminhando com as próprias pernas. Querem que a gente defina o futuro que pretende ter. No entanto, nem sempre estamos preparados para viver tudo isso. 

Estou aqui, atrasada para a faculdade, sentada no sofá que era da minha avó e que agora faz parte da mobília do meu "apertamento",  desabafando com o auxílio deste velho companheiro de estudos e horas à toa. 

Tô mais que atrasada e ainda preciso enfrentar alguns minutos de caminhada pela frente.  A faculdade fica a dois quarteirões daqui. Eu preciso ir! 


*Só relatos e fatos que imaginei hoje de manhã, e coloquei no papel. 


por Ranna Botelho




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